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Entrevista a Alycia Debnam-Carey

Quem é Alicia?

Alicia Clark é definitivamente a pessoa estável da família Clark. Kim Dickens, que desempenha o papel de Madison, é essencialmente a pedra basilar da família, mas está neste momento a lidar com um filho viciado em heroína, perdeu o marido e tem os seus próprios problemas. Por isso Alicia tem sido de algum modo solitária e auto-suficiente. Talvez tenha sentido a necessidade de compensar as lutas de toda a gente. É uma boa menina, inteligente, pronta para terminar a escola e libertar-se.

Acho que o que é interessante em Alicia nestas circunstâncias é que ela tem um plano para a sua vida. Sabe para onde quer ir, sabe que quer ir embora, começar a sua própria vida e sentir-se uma pessoa. Uma boa parte da sua importância foi-lhe retirada por Nick por causa do seu vício, por isso ela quer quebrar com esses problemas. As pessoas identificar-se-ão com ela porque tem um plano para a sua vida destaca-se completamente do que acontece à sua volta. Isso é a vida real.

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Como é a dinâmica familiar para Alicia?

Acho que se sente encurralada nesta cidade e na dinâmica familiar, que é extrema em muitos aspetos. É uma família muito moderna. Não estamos necessariamente perante o que atualmente é considerado uma família nuclear. É uma família monoparental com ausência de uma figura paterna e um irmão viciado em heroína que está à solta, por isso é realmente um lar desfeito.

Qual é o tema desta série?

Fear the Walking Dead é uma série sobre a dinâmica familiar no centro de circunstâncias pré-apocalíticas e sobre o que acontece quando a sociedade se desmorona e o mundo se destrói e como as pessoas lidam com isso. Eu acho que o que é diferente do original é que esta série se centra no que se passou antes e como se atingiu este grau de severidade, e o que acontece quando todas estas estruturas – eletricidade, transportes, governo, cuidados médicos e outras coisas fundamentais – se dissipam. É realmente um ponto de partida muito interessante nesta série.

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Qual é a diferença entre Fear e The Walking Dead?

Em The Walking Dead há um sentimento muito provinciano porque é muito rural. Esta é encenada numa das maiores cidades dos Estados Unidos – e isso torna-a assustadora. Se o apocalipse estivesse para acontecer, seria pouco provável que muita gente sobrevivesse numa cidade tão densa.
Los Angeles é um grande pano de fundo para isto acontecer, é muito urbana e desse modo identifica-se com as pessoas. Esta série é realmente sobre as pessoas e sobre o modo como sobrevivem e o que fazem umas às outras para sobreviver, e isso, para mim, é a mais extraordinária viagem que se pode testemunhar. As pessoas são capazes de fazer qualquer coisa para se salvarem a si próprias e à sua prol e isso nunca deixa de fazer sentido.

Como é a relação de Alicia com o seu irmão Nick?

Eles sempre tiveram uma ligação irmão/irmã. Perder o pai empurrou o Nick para um caminho definitivo e extremo de abuso de drogas e isso separou-os realmente. Eu penso que sofrer a perda do pai e ter perdido agora o irmão para as drogas fez com que fosse difícil para Alicia confiar nas pessoas e manter-se aberta. Mas, ao mesmo tempo, Nick e Alicia partilham a mesma perda e mais ninguém se sente como eles, pelo que de algum modo isso mantém-os unidos.

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O que sente Alicia em relação à mãe, Madison?

Temperamental. As relações entre uma mãe e uma filha adolescente são sempre tumultuosas. Mas é essencialmente uma boa relação. Há uma forte união familiar entre Nick, Madison e Alicia, que eu acredito que tenha sido quebrada apenas pelas circunstâncias. É difícil porque Madison teve que focar mais a sua atenção sobre Nick e no seu vício, e por isso foi muito mais exigente com Alicia sem que necessariamente tivesse consciência disso. Ela tem colocado sobre Alicia os seus próprios sentimentos e responsabilidades, e Alicia talvez tenha tido que suportar o peso disso um pouco mais do que as outras pessoas.

Como pensa que a sua personagem lidará com o que vai acontecer?

Como com qualquer personagem, haverá uma viagem que tem que acontecer. Talvez porque Alicia tenha sido tão forte no início, o seu declínio vá ser muito pior. O que vai acontecer nos episódios seguintes é aquela sensação de que nunca mais acontecer nada pior. Ela nunca mais vai conseguir confiar em nada.